segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O vazio que você deixou...

O ano começou carente para quem gosta de ler e se informar sobre leitura. Esse foi o primeiro mês, após 32 números, que ninguém leu a revista Entrelivros. A Editora Duetto cancelou a publicação por causa das baixas vendas. A revista, que começou em 2005, com tiragem entre 10 e 15 mil exemplares estava com menos de 10 rodando. Os assinantes receberam em dezembro um e-mail assinado pelo gerente de assinaturas da Duetto informando do fim da publicação e afirmando que receberiam correspondência a partir de janeiro para resolver questões financeiras (afinal, eles já pagaram né?). Aliás, alguns assinantes receberam, outros estavam pela página do Orkut se maldizendo e eu, por exemplo, não sou mais assinante e recebi também.

A Duetto vai continuar com a marca "EntreLivros", para as publicações especiais "Caderno EntreLivros" e "Biblioteca EntreLivros". O complicado é que a maior propaganda das publicações especiais era a revista mensal. Como o leitor vai saber sobre elas agora? O site www.revistaentrelivros.com.br continua sem nenhuma referência ao fim dela. A última postagem no blog mantido pela editora, no entanto, foi em 12 de novembro.

Pessoalmente, eu tinha parado de assinar a Entrelivros extremamente chateada com ela. Primeiro, eles deixaram de publicar a coluna do Umberto Eco, que fechava a revista, sem a menor explicação ao leitor. Nem uma palavra no Editorial, nem no rodapé da coluna que substituiu. Acho que esperavam que ninguém notasse. Mandei um e-mal para a Redação e um mês depois me responderam que houve uma mudança de linha editorial (vamos combinar que faltou dinheiro, né?). Depois, a coluna voltou.

E a distribuição era um pesadelo. A revista de janeiro chegava em fevereiro, de fevereiro em março e a de março em abril. Aí cancelei.

Uma lástima que uma editora que já havia tido a coragem de sair com um material de qualidade para um público tão específico e pequeno no Brasil não atentasse para questões básicas e primordiais como distribuição e atendimento ao leitor. Os textos eram ótimos e eu tinha colunistas como Milton Hatoum e o próprio Eco.

Para quem gosta de ler sobre ler as opções são poucas. A Cult, que surgiu há dez anos como revista literária, hoje é de cultura em geral e muito existencialismo. A proprietária Dayse Bragantini disse em entrevista ao jornal O Globo que a tiragem é de 25 mil exemplares dos quais 30 % ficam no mercado paulista. O resto vai principalmente para o Sul do país. Segundo ela, as vendas no Rio de Janeiro são um fracasso. Vamos nem imaginar no Nordeste. Há seis anos, a revista quase fecha. Foi quando Dayse a comprou da Lemos Editorial. O site é http://revistacult.uol.com.br.

Já a Bravo é uma revista de quase tudo de cultura no Rio e em São Paulo. A área de literatura é uma entre 15. Eu assinei a publicação por um ano e não conseguia ler as áreas de Artes Plásticas e Teatro porque era só a programação do Centro-Sul. A gente ficava com um gostinho de água na boca... Melhor ler no site deles (www.bravonline.com.br) que comprar a revista inteira. É, 2008 começou carente para quem gosta de ler.

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