quarta-feira, 30 de junho de 2010

Saindo de literatura para o jornalismo : Encontro Nacional de Pesquisa

Do site da SBPJor: http://www.sbpjor.org.br/sbpjor/?p=10098

Chamada para encontro nacional


Os pesquisadores interessados em participar do 8o. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo podem enviar seus papers entre os dias 01 de junho e 15 de julho de 2010. Não é necessário pagar a inscrição para submeter os trabalhos para avaliação. O evento acontece em São Luis do Maranhão, entre os dias 08 e 10 de novembro.
Os trabalhos serão avaliados sob os seguintes critérios gerais: pertinência ao campo da pesquisa em jornalismo, relevância científica, explicitação do problema ou objetivo, adequação e atualização da bibliografia, qualidade da reflexão teórica, explicitação e consistência da metodologia (quando pertinente), domínio da linguagem científica, adequação do título e das palavras-chave ao objeto de estudo.

Mais informações no site acima mencionado.

sábado, 26 de junho de 2010

Se à terra pertencia

Escritores, jornalistas, políticos, amigos e leitores de José Saramago ontem, dia 26 de junho, realizaram o que para mim foi a homenagem mais bonita ao escritor. A Casa Fernando Pessoa, dirigida pela escritora Inês Pedrosa, fez uma Maratona de leitura da obra "O Ano da Morte de Ricardo Reis", que teve início ao meio dia em ponto e tinha previsão de terminar às 2 da madrugada. Não pude acompanhar até o fim para saber, mas quando saí às 14 horas ainda estavam na página 60. A obra tem 582 páginas no total.

A leitura foi aberta pela esposa de Saramago, Pilar del Rio, que iniciou com a versão em espanhol. Após, as pessoas foram se alternando e o próprio público, que trouxe seu livro de casa ia se inscrevendo para ler. As duas horas que permaneci foram emocionantes. Homegear um escritor com as palavras escritas por ele é o que de mais doce pode haver. Me lembrou a imagem das pessoas levando o livro ao velório dele na Câmara Municipal de Lisboa e os impunhando, como se faria com velas, em frente ao caixão. Saramago não acreditava em velas, acreditava na força da mudança e suas palavras refletiam isso.

O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, que leu muito bem seu páragrafo, anunciou que as cinzas do escritor serão colocadas em frente a Casa dos Bicos, sede da Fundação José Saramago. Ficarão junto a uma oliveira centenária, que será trazida de sua cidade natal Azinhaga, no Ribatejo, e a uma pedra de Pêro Pinheiro (usada na construção do convento) em que estará gravada uma frase do livro "Memorial do Convento": “Mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia”.


A Casa Fernando Pessoa já tinha feito uma maratona de leitura antes, foi da obra "As Memórias Póstumas de Brás Cubas" em homenagem ao centenário do escritor brasileiro Machado de Assis, em 2008. Ouvir a obra de Saramago em várias vozes, entonações e tons (sua neta não pôde conter o choro ao ler seu parágrafo) me fez sentir mais saudade das obras que não serão escritas. Perdemos música

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago foi ao encontro do nada

O escritor José Saramago era conhecido por seu profundo e marcante ateísmo. Me pergunto aonde ele acreditava que iria após deixar seu corpo terreno. Provavelmente, ao nada, como todo bom ateu. então, hoje, Saramago foi ao encontro do nada que lhe esperava. E aqui na terra ficamos a lamentar a imensa perda. Ele deixa-nos 20 ou 30 páginas do que seria um novo romance e uma intensa obra disponível.
Conheci o escritor no lançamento do livro Caim, em outubro do ano passado. Ironicamente, foi o livro do autor que eu menos gostei. Me cansava um pouco essa briga do escritor com Deus. Eu sempre acreditei que Saramago era um ateu mal resolvido, porque os bem resolvidos mesmo não estão nem aí para Deus, já Saramago escrevia com raiva, como uma afronta ao Deus. Achei engraçado ir lendo o livro e sentindo o clima de briga.

Após tirar fotos e ter livros autografados, lembro de termos dito que largar tudo e vir parar em Portugal já tinha valido a pena ali. Realizando o sonho de conhecer o escritor que tanto nos embalara durante a vida. Agora, fico ainda mais agradecida de ter tido a oportunidade de conhecer em vida o escritor. Fica aqui nosso lamento. Portugal está de luto oficial por dois dias e até domingo José Saramago será velado na Câmara Municipal de Lisboa. Não iremos lá, vou guardar as imagens dele que tive em Penafiel.

E para lembrar desse encontro, os links dos dois posts sobre nosso encontro com o Nobel:
http://pjegena.blogspot.com/2009/11/nos-e-o-nobel-parte-1.html
http://pjegena.blogspot.com/2009/11/nos-e-o-nobel-parte-2.html

Para que nunca leu Saramago, meu preferido é Ensaio sobre a Cegueira mas também recomendo muito As Intermitências da Morte, O Homem Duplicado e, principalmente, Todos os nomes. O ano da morte de Ricardo Reis também merece uma longa e carinhosa leitura.